quinta-feira, 20 de março de 2014

Ferroviário Cervejeiro!

No próximo dia 05 de abril, vai acontecer  aqui na Cervejaria Flash Gordon, um curso para um grupo de Ferroviários aposentados, que querem aprender, como se faz uma cerveja de verdade, tipo aquelas européias, mais encorpadas, com amargor mais definido, aroma de malte, lúpulo, fermentos e outras especiarias que a cerveja especial tem. Para quem está aposentado, como eu, que também fui ferroviário, é um ótimo hoby, pois é uma atividade prazerosa, na hora de fazer e na hora de beber. Sejam bem vindos, a estação da cerveja os aguardam!

Mosteiro americano produz uma das melhores cervejas de todo o mundo


Um mosteiro americano é o primeiro fora da Europa a produzir as exclusivas e famosas cervejas trapistas, que, para muitos especialistas, são as melhores do mundo.



A Abadia de São José fica em um recanto frio e isolado do estado de Massachusets. O lugar espelha a austeridade dos monges trapistas dedicados a uma vida de renúncia, silêncio e oração. Mas há ali uma construção que destoa de todo o cenário de recolhimento: linhas modernas, paredes envidraçadas, alta tecnologia e equipamentos trabalhando a todo vapor. É o prédio da cervejaria Spencer, recentemente integrada ao time das Cervejarias habilitadas como Trapistas.

Mas o que uma fábrica de cerveja tem a ver com monges que acordam às 3h10 da manhã e se recolhem às 20h? "Por volta do ano 2000, nos demos conta que precisávamos encontrar uma nova fonte de sustento", explica o monge Isac.

O dinheiro recolhido com a venda de compotas e geleias já não era suficiente. Por isso, Isac foi à Bélgica aprender a fazer a genuína cerveja dos monges trapistas, um produto exclusivo de oito mosteiros europeus.

Os monges americanos pegaram um empréstimo bancário para iniciar o negócio em dezembro do ano passado. Eles até desenharam uma taça sob medida para tirar o maior prazer da cerveja. Foram 24 tentativas até chegar à fórmula de sucesso, que é hoje um dos segredos mais bem guardados do monastério.

Ao todo, são necessários 37 dias para produzir a cerveja que tem 6,5% de álcool, o dobro de uma cerveja comum produzida no Brasil. O sabor é marcante, tem um acento frutado, mas deixa na boca um gosto levemente amargo.

Por enquanto, quem quiser tomar a cerveja produzida pelos monges trapistas nos Estados Unidos, terá que visitar o estado de Massachussetes. A produção não dá para atender a demanda. São produzidas 4.000 cervejas por semana, previamentes compradas. Os monges são proibidos de trabalhar pelo lucro e há um compromisso de qualidade assinado com a Associação Internacional Trapista. "Nós queremos ter certeza de que, se aumentarmos a produção, vamos ser capazes de fazer isso da melhor maneira possível", diz o abade responsável pela fabricação.

Cada monge só pode consumir a cerveja aos domingos. "Talvez, um dia, o abade permita a gente beber com mais frequência", sonha Isac, que também justifica a bebida do ponto de vista religioso. "É uma maneira de louvar a Deus e tornar o mundo um lugar melhor para se viver".

segunda-feira, 3 de março de 2014

Cerveja: o transgênico que você bebe

Sem informar consumidores, Ambev, Itaipava, Kaiser e outras marcas trocam cevada pelo milho e levam à ingestão inconsciente de OGMs
por Flavio Siqueira Júnior e Ana Paula Bortoletto — publicado 01/03/2014 12:06 no Carta Capital.
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Por Flavio Siqueira Júnior* e Ana Paula Bortoletto*
Vamos falar sobre cerveja. Vamos falar sobre o Brasil, que é o 3º maior produtor de cerveja do mundo, com 86,7 bilhões de litros vendidos ao ano e que transformou um simples ato de consumo num ritual presente nos corações e mentes de quem quer deixar os problemas de lado ou, simplesmente, socializar.
Não se sabe muito bem onde a cerveja surgiu, mas sua cultura remete a povos antigos. Até mesmo Platão já criou uma máxima, enquanto degustava uma cerveja nos arredores do Partenon quando disse: “era um homem sábio aquele que inventou a cerveja”.
E o que mudou de lá pra cá? Jesus Cristo, grandes navegações, revolução industrial, segunda guerra mundial, expansão do capitalismo… Muita coisa aconteceu e as mudanças foram vistas em todo lugar, inclusive dentro do copo. Hoje a cerveja é muito diferente daquela imaginada pelo duque Guilherme VI, que em 1516, antecipando uma calamidade pública, decretou na Bavieira que cerveja era somente, e tão somente, água, malte e lúpulo.
Acontece que em 2012, pesquisadores brasileiros ganharam o mundo com a publicação de um artigo científico no Journal of Food Composition and Analysis, indicando que as cervejas mais vendidas por aqui, ao invés de malte de cevada, são feitas de milho.
Antarctica, Bohemia, Brahma, Itaipava, Kaiser, Skol e todas aquelas em que consta como ingrediente “cereais não maltados”, não são tão puras como as da Baviera, mas estão de acordo com a legislação brasileira, que permite a substituição de até 45% do malte de cevada por outra fonte de carboidratos mais barata.
Agora pense na quantidade de cerveja que você já tomou e na quantidade de milho que ela continha, principalmente a partir de 16 de maio de 2007.
Foi nessa data que a CNTBio inaugurou a liberação da comercialização do milho transgênico no Brasil. Hoje já temos 18 espécies desses milhos mutantes produzidos por MonsantoSyngentaBasfBayerDow Agrosciences e Dupont, cujo faturamento somado é maior que o PIB de países como Chile, Portugal e Irlanda.
Tudo bem, mas e daí?
E daí que ainda não há estudos que assegurem que esse milho criado em laboratório seja saudável para o consumo humano e para o equilíbrio do meio ambiente. Aliás, no ano passado um grupo de cientistas independentes liderados pelo professor de biologia molecular da Universidade de Caen, Gilles-Éric Séralini, balançou os lobistas dessas multinacionais com o teste do milho transgênico NK603 em ratos: se fossem alimentados com esse milho em um período maior que três meses, tumores cancerígenos horrendos surgiam rapidamente nas pobres cobaias. O pior é que o poder dessas multinacionais é tão grande, que o estudo foi desclassificado pela editora da revista por pressões de um novo diretor editorial, que tinha a Monsanto como seu empregador anterior.
Além disso, há um movimento mundial contra os transgênicos e o Brasil é um de seus maiores alvos. Não é para menos, nós somos o segundo maior produtor de transgênicos do mundo, mais da metade do território brasileiro destinado à agricultura é ocupada por essa controversa tecnologia. Na safra de 2013 do total de milho produzido no país, 89,9% era transgênico. (Todos esses dados são divulgados pelas próprias empresas para mostrar como o seu negócio está crescendo)
Enquanto isso as cervejarias vão “adequando seu produto ao paladar do brasileiro” pedindo para bebermos a cerveja somente quando um desenho impresso na latinha estiver colorido, disfarçando a baixa qualidade que, segundo elas, nós exigimos. O que seria isso se não adaptar o nosso paladar à presença crescente do milho?
Da próxima vez que você tomar uma cervejinha e passar o dia seguinte reinando no banheiro, já tem mais uma justificativa: “foi o milho”.
Dá um frio na barriga, não? Pois então tente questionar a Ambev, quem sabe eles não estão usando os 10,1% de milho não transgênico? O atendimento do SAC pode ser mais atencioso do que a informação do rótulo, que se resume a dizer: “ingredientes: água, cereais não maltados, lúpulo e antioxidante INS 316.”
Vai uma, bem gelada?
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*Ana Paula Bortoletto é nutricionista e doutora em nutrição em saúde pública. Flavio Siqueira Júnior é advogado e ativista de direitos humanos.